domingo, 26 de dezembro de 2010

Horizonte


A maré está baixa e os ânimos ficam cada vez mais confiantes e fortes. As ondas agora parecem ter um impacto bem menor sobre a areia inconstante da praia. As vozes estão tão fracas que mal posso entendê-las, e quando isso acontece, apenas olho e disfarço um meio sorriso. Os animais marítimos parecem estar voltando ao longíquo domínio do qual jamais deveriam ter se distanciado. A força é adquirida com força e a revolta sempre vem para dizer quão fracos somos. Dias melhores e de sol intenso estão resurgindo, como vidas que tomam rumores diferentes e felizes com o passar de amargas decepções. Então, começamos a aproveitar a vida, a coisa mais típica do ser humano: tentar ser feliz enquanto há vozes que nos arrastam para baixo. E então, quando finalmente você conseguir se livrar dessa âncora, irá olhar o mar de maneira diferente, pensando que ele é a forma mais perfeitade amor terrestre.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pele

A sensação dela se renova a cada manuseio. A textura varia com com a intensidade da respiração. Um conjunto de elementos externos e internos são necessários nesse tão esperado momento: o do primeiro toque, a primeira estrela a brotar, a sensação única e inicial. O primeiro arrepio percorre apenas um hemisfério do corpo em direção a cabeça, que já não está tão racional como no começo dessa erupção de prazeres. As mãos vão deslizando como água em rio límpido e puro, os corpos se aproximam a tal ponto que os pêlos se confundem ao mesmo tempo que se entrelaçam. As bocas já têm destino marcado. As línguas se comunicam de uma maneira até então desconhecida pelos dois. Os olhos custam a acreditar no que se vê em um milissegundo. A ereção parcial é visível e já aproveitável. Pele por Pele, Corpo por Corpo, o final disso, porém, não apenas mais um clihê erótico. Pois, o que é pele sem sentimento? Apenas pele...

sábado, 7 de agosto de 2010

Reflexo

O amor é uma coisa tão engraçada que nem sempre precisamos sorrir para comprovar. É uma doação que se correspondida é valiosa, porém quando negada é sofredora. O êxtase já está chegando ao fim, os sentidos estão voltando a se aguçar, a boca começa a querer, o coração começa a bater ritmicamente jorrando sangue pelos átrios empoeirados. Ao pé da letra que não consigo traduzir, me deparo com as suas faces intrigantes ou apaixonantes, como uma faca de dois gumes na qual sempre um dos lados teima a cortar-me profundamente. O cansaço é qualidade do ser humano, é uma invenção desumana para conosco. E agora, como um bom ser humano cheio de sensatez, eu cansei. É apenas prosseguir, olhar pra frente, me olhar em lugares longíquos dos quais nunca devia ter desviado.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Talvez Eu

É como um déjà vu. Tudo está voltando e momentaneamente saindo com a mesma intensidade com que já havia acontecido. Não pude acreditar que mais uma vez eu era eu e que o meu reflexo não era você. Mais uma vez a construção de castelos de areia foi devassada por um temporal sem fim. Avassalador, intenso, incompleto. Inocentes vítimas se confundem com vilões de quinta e atormentam mais uma vez um ser quase restituído. A construção estava chegando ao fim, os retoques finais já estavam sendo dados e a libertação já era prevista. Então de dentro das entranhas surge um fenômeno natural, trazendo calafrios, solidão, abandono. E tudo vai por água a baixo, como se nada tivesse reacontecido. Mais um dia solitário. Mais uma noite sem amor. Mais um tempo pra pensar. Mais uma lágrima a cair. Mais um enorme vazio para tentar, sem êxito, preencher.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Diários e Reais

Tenho postado tantos devaneios que estou me sondando sobre a minha vida real. Onde ela está? Onde escondo meus maiores medos? Minhas maiores fraquezas? Minha intocável braveza? Às vezes os pensamentos me surgem no meio de uma leitura incansável e interminável de uma matéria que detesto, e acho que ali eu me encontro. Quando não consigo disfarçar, escrevo, quando me sinto só, choro. Há momentos em que precisamos ficar sozinhos e morro de medo desse momento chegar pois tenho muito receio de estar sozinho e permanecer nesse estágio por muito tempo. As férias são legais pra dormir, mas me deixam desatualizado do mundo, distante dos meus companheiros. Nas férias eu posso dormir mais sem me preocupar em estudar, mas quando é a noite, pelo hábito, leio. Quando voltam as aulas reclamo, quero férias!!! Eu sou tão chato que há dias em que eu não me aguento. Há dias que estou tão doce que as pessoas acabaam se aproveitando de minha passageira bondade. Amo ver minha família, adoro quando todos ficam em volta da mesa rindo. Guardo memórias de bons momentos para sempre, mas para o além irá comigo as palavras que mais me magoaram nessa vida. Quero aprender a tocar violão, mas não consigo ser tão rápido na mudança das notas. Talvez o violão seja uma imitação sonora da vida, se está sem ajustes, é desafinado, se não for pressionado bem, não funciona direito. Se ficar encostado, nunca ninguém aprenderá a tocar. O meu maior medo, afinal de contas, é que todos os meus devaneios sejam reais.

Devaneios Diários

A sensação de totalidade tem a duração tão curta quanto os nossos melhores momentos de felicidade. Tentamos continuar com esse vestígio invisível sem que precisemos desviar do caminho, mas quando abrimos os olhos já estamos em estradas jamais alcançadas por seres mortais. Um misto de culpa no ar com o suor dos corpos recém-amados remete a mesma sensação do último outono e por mais que, cronologicamente, essas estações mórbidas passem, o sentimento de prazer instantâneo foi completado erroneamente com o passar das primaveras...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Devaneios Diários

O misto de sentidos impuros nos levam a lugares jamais antes habitados, assim como o sabor de uma boca jamais beijada renova experiências imperfeitas de um amor que agora já se tornou passado...